A coleira é um dos primeiros itens que os tutores compram quando adotam um cachorro. Ela é essencial para garantir segurança, controle e até identificação do animal. No entanto, o que muitos não percebem é que, se usada da maneira errada, a coleira pode se tornar um problema sério — inclusive a ponto de machucar o pescoço do seu pet.
Se você notou que seu cachorro está se coçando muito no pescoço, apresenta feridas, está com dificuldade para respirar ou foge da coleira, é hora de investigar. Neste artigo, vamos abordar as causas mais comuns de machucados causados por coleiras, como identificá-los, formas de prevenção, tratamentos e, principalmente, como escolher e ajustar corretamente a coleira para evitar esse tipo de problema.
Como a coleira pode machucar seu pet?
Embora seja um item aparentemente simples, a coleira pode gerar consequências sérias se estiver mal ajustada, for inadequada para o porte ou comportamento do animal, ou for usada de maneira incorreta.
Os problemas mais comuns incluem:
- Assaduras e feridas no pescoço causadas por atrito constante;
- Queda de pelos na região do pescoço;
- Ferimentos mais profundos, como cortes ou escoriações;
- Problemas respiratórios, principalmente em cães braquicefálicos;
- Estresse e comportamento agressivo ou arredio ao ver a coleira;
- Desconforto constante, gerando coceiras e irritação na pele.
Esses problemas costumam surgir aos poucos e podem ser facilmente confundidos com alergias ou dermatites. Por isso, é fundamental ficar atento aos sinais e investigar se a origem não está na coleira.
Sinais de que a coleira está machucando seu cachorro
Se você está em dúvida se a coleira está prejudicando seu pet, observe o comportamento e o aspecto físico do animal. Veja alguns sinais claros de que algo não está certo:
1. Coceira excessiva no pescoço
Se o cão está constantemente tentando coçar ou esfregar o pescoço em móveis, paredes ou no chão, pode ser que a coleira esteja incomodando ou provocando coceira por conta de assaduras.
2. Vermelhidão ou feridas
Ao retirar a coleira, observe a pele do animal. Se estiver vermelha, com descamação, irritada ou com feridas, o uso da coleira pode estar incorreto.
3. Queda de pelos localizada
Uma falha no pelo ao redor do pescoço geralmente indica atrito contínuo. Isso pode ocorrer por ajuste errado, material áspero ou uso prolongado da coleira.
4. Resistência ao uso da coleira
Se o cachorro começa a fugir, chorar ou morder quando você tenta colocar a coleira, isso pode ser sinal de desconforto ou dor associada a ela.
5. Mudança na respiração durante os passeios
Principalmente nos cães de focinho achatado, uma coleira mal ajustada pode comprimir a traqueia, provocando tosse, engasgos e respiração ofegante.
Principais causas de ferimentos causados por coleira
❌ Ajuste incorreto
O erro mais comum é deixar a coleira apertada demais ou solta demais. Quando muito apertada, pode comprimir a pele e os vasos sanguíneos. Quando frouxa, escorrega e provoca atrito contínuo.
Regra de ouro: você deve conseguir passar dois dedos entre a coleira e o pescoço do cão. Essa é a medida ideal de conforto e segurança.
❌ Material inadequado
Coleiras feitas com materiais ásperos, com costuras grossas, ou com partes metálicas em contato direto com a pele, tendem a causar irritação com o uso prolongado. Nylon de baixa qualidade ou couro muito rígido são exemplos.
❌ Uso contínuo
Alguns tutores deixam a coleira no animal o dia inteiro. Isso aumenta o risco de assaduras e atrito, principalmente em dias quentes, quando o cachorro transpira mais. O ideal é remover a coleira quando o animal estiver em casa, descansando ou dormindo.
❌ Tipo de coleira incompatível com o porte ou raça
Raças braquicefálicas (como Pugs, Buldogues e Shih Tzus) nunca devem usar coleiras de pescoço para passeios, pois elas podem comprometer ainda mais a respiração. Para esses cães, o indicado é sempre o peitoral.
❌ Puxões e uso inadequado da guia
O tutor também pode, sem querer, machucar o pet ao puxar a guia de forma brusca ou usar enforcadores de maneira errada. Esses movimentos causam impacto direto no pescoço, podendo gerar lesões na traqueia ou na coluna cervical.
Como tratar feridas causadas pela coleira?
Se seu cachorro já apresenta ferimentos no pescoço, o primeiro passo é remover a coleira imediatamente e levar o animal ao veterinário. Feridas abertas ou com sinais de infecção (pus, mau cheiro, inchaço) devem ser tratadas com acompanhamento profissional.
Enquanto isso, você pode:
- Limpar a área com soro fisiológico;
- Evitar aplicar pomadas sem prescrição, pois algumas podem ser tóxicas se lambidas;
- Manter o cão sem coleira até a recuperação completa;
- Evitar o contato com outros animais para prevenir infecções secundárias.
Lembre-se: a automedicação pode agravar o quadro. Mesmo parecendo algo simples, sempre vale buscar orientação veterinária.
Como evitar que a coleira machuque seu pet?
Agora que você já sabe dos riscos, é hora de aprender como evitar que a coleira prejudique o bem-estar do seu cão.
✅ Escolha o modelo certo
Para passeios, prefira sempre o peitoral (arnês), que distribui a força do puxão por todo o corpo do animal, sem concentrar pressão no pescoço. Reserve a coleira de pescoço apenas para uso com plaquinha de identificação no dia a dia.
✅ Prefira materiais macios e respiráveis
Evite materiais duros, ásperos ou mal acabados. Opte por coleiras acolchoadas, de tecido respirável, com costuras bem-feitas e que não causem atrito na pele.
✅ Ajuste corretamente
Meça o pescoço do seu pet e ajuste a coleira usando a regra dos dois dedos. Refaça esse ajuste periodicamente, pois o cão pode ganhar ou perder peso com o tempo.
✅ Retire a coleira em casa
Deixe o cão mais livre quando estiver em um ambiente seguro. Isso evita o atrito constante e permite que a pele respire.
✅ Revise a coleira com frequência
Verifique se há pontos de desgaste, partes quebradas, ferrugem ou rigidez excessiva. Coleiras devem ser substituídas sempre que houver sinais de dano.
✅ Treine o cão para aceitar a coleira
Adapte seu pet ao uso da coleira de forma positiva. Associe o momento com petiscos, carinho e passeios agradáveis. Isso ajuda a evitar traumas.
Quando trocar a coleira?
A maioria dos tutores não percebe, mas coleiras também têm “data de validade”. Elas precisam ser substituídas quando:
- Estão danificadas, com fivelas frouxas ou rasgadas;
- Não servem mais corretamente (apertadas ou muito largas);
- Apresentam cheiro ruim ou material ressecado;
- Estão causando sinais de desconforto, mesmo com ajustes corretos.
Trocar a coleira no momento certo é um ato de carinho e cuidado com seu pet.
Conclusão
A coleira é uma ferramenta importante para a segurança e controle do seu cachorro, mas ela nunca deve causar dor, incômodo ou ferimentos. Se isso está acontecendo, é sinal de que algo está errado — seja no tipo de coleira, no material, no ajuste ou no tempo de uso.
Como tutor, é sua responsabilidade garantir que o uso da coleira seja seguro e confortável. Com as orientações deste artigo, você já sabe identificar os sinais de que a coleira está machucando seu pet, como tratar, como prevenir e como fazer a escolha correta.
Lembre-se: o bem-estar do seu cachorro começa nos pequenos detalhes — e uma coleira bem escolhida e ajustada faz toda a diferença para a saúde e a felicidade dele.